Microcirurgia

Existem determinados tipos de cirurgia em Urologia em que há a necessidade da utilização de microscópio com ampliação da imagem diversas vezes para ganho de resultado, preservação de estruturas e reconstrução com fios microscópicos: é o caso da correção cirúrgica de varicocele e da reversão de vasectomia, por exemplo.

Correção Cirúrgica de Varicocele

Os testículos normalmente se posicionam na bolsa escrotal, que os mantém longe do contato com o corpo humano, afim de que os mesmos possam trabalhar a uma temperatura inferior à do corpo. Quando se percebe uma tortuosidade das veias da bolsa escrotal com acúmulo de sangue – varizes –, denominamos isto de varicocele. Esta, a depender de sua intensidade, pode ser vista a uma simples inspeção quando o paciente se encontra em pé, caracterizando-se por um enovelado venoso perceptível na bolsa escrotal. Este acúmulo sanguíneo permite o aumento da temperatura escrotal, um prejuízo em sua vascularização bem como o acúmulo de metabólitos e toxinas que vão atuar danificando o testículo, levando a um prejuízo em seu crescimento – atrofia – e redução na produção de espermatozoides e testosterona. Causa portanto um prejuízo hormonal e na fertilidade. Idealmente, a correção cirúrgica da varicocele deve ser realizada com o auxílio de microscópio para que possam ser ligados apenas os vasos varicosos, com preservação máxima de linfáticos e artérias que irrigam o testículo, melhorando os resultados cirúrgicos.

Reversão Microcirúrgica de Vasectomia

A reversão da vasectomia é a maneira mais custo-efetivo de conseguir a gravidez após uma vasectomia. Se o casal deseja mais filhos em um mesmo relacionamento ou no desejo dos mesmos num relacionamento novo, a reversão do vasectomia oferece a melhor possibilidade de gravidez. Hoje, 35.000 reversões de vasectomia são realizadas anualmente nos Estados Unidos.

Há duas maneiras para reverter uma vasectomia: vasovasostomia e epididimovasostomia. A reversão da vasectomia por vasovasostomia é realizada utilizando-se um microscópio cirúrgico ou lupas de alta magnificação onde podemos obter a ampliação das imagens. Isto é importante porque a organização dos canais deferentes é mais ou menos como um espaguete e deve ser aproximado em dois planos cirúrgicos para oferecer as taxas mais elevadas de sucesso e, para isso, utilizamos fios cirúrgicos com espessura menor que um fio de cabelo. A sutura microscópica, não percebida a olho nu, é utilizada durante a reversão da vasectomia. É importante usar esta técnica de sutura para impedir o escape de espermatozóides e minimizar a obstrução do lúmen dos canais deferentes pela sutura.

O sucesso da reversão depende em grande parte do tempo de realização da vasectomia:

  • Até três anos da vasectomia: sucesso – 97% e taxa de gravidez – 76%;
  • De quatro a nove anos: sucesso – em torno de 75% e taxa de gravidez – 67%;
  • De nove a quatorze anos: taxa de gravidez – 30% (igual à taxa de sucesso para bebê de proveta).